domingo, 11 de abril de 2010

Um 'agora' diferente

E lá estava ela... pensando sem ter noção disso, não sabia o porquê de estar sempre a pensar, mas sabia que pensava. Todos os dias, todas as horas, todos os minutos, atrevo-me até a dizer: todos os segundos. Era estranho... muito estranho. Ela não era uma rapariga normal, tinha algo de diferente, algo especial. O mais estranho ainda é que ninguém reparava nisso, apenas eu. Ela queria voar, sentir-se livre, sentir-se como uma flor delicada numa estufa em que ninguém pode tocar. Queria conseguir ter um sorriso nos lábios mais de 5 segundos - o que para ela era quase uma 'missão impossivel'. Não queria chorar por coisas futéis, nem sofrer por coisas sem importância.
Passava todos os dias a olhar para o céu, principalmente à noite. Da sua varanda via as estrelas mais longínquas, via-as e sentia-as. Sentia que um dia seria como elas: livres.
Desligou-se complectamente do mundo, como se vivesse num mundo diferente de toda a gente. Como se vivesse no seu mundo, no seu próprio mundo.
Numa das tantas noites da sua vida, quando estava a olhar para as estrelas, - como todas as noites fazia - deparou-se com um pequeno pedaço de papel a voar na sua direcção, era pequeno e tinha uma das pontas rasgadas como se tivesse sido arrancado de um caderno. Ela esticou a sua mão para o apanhar, pegou no papel e viu que tinha qualquer coisa escrita. Leu-o num suspiro, murmurou aquelas palavras tão baixinho que secalhar nem ela se conseguiu ouvir a si própria. «Só preciso de um 'agora' diferente», era o que dizia o papel, em letras escritas à mão.
E só vos digo uma coisa : apartir desse dia, nada voltou a ser igual. A rapariga que vivia isolada de tudo e de todos mostrou, finalmente, o que nunca antes foi visto.